Quem sou eu

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"Um dia virá em que só se terá um único pensamento:A EDUCAÇÃO,"(Nietzsche) "Não tenho um caminho novo. O que eu tenho de novo é um jeito de caminhar".(Thiago de Melo)

Eu e meu marido...Amor por inteiro...
O Amor

O amor, quando se revela, Não se sabe revelar. Sabe bem olhar p'ra ela, Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente Não sabe o que há de *dizer. Fala: parece que mente Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse, Se pudesse ouvir o olhar, E se um olhar lhe bastasse Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala; Quem quer dizer quanto sente Fica sem alma nem fala, Fica só, inteiramente! Mas se isto puder contar-lhe O que não lhe ouso contar, Já não terei que falar-lhe Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais. Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta. Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor. Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso. Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes. Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais. Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida. Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!'' Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize. Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire. Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso. Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

A educação da percepção empática

David Isaacs

Seria absurdo pensar que, nestas breves linhas, vai ser encontrada a solução do problema da educação da percepção empática, quando tantos sábios, durante tanto tempo, estiveram estudando o tema sem chegar a um acordo a respeito das conclusões operativas.

A maioria dos psicólogos está de acordo em que é necessário empatia, apreço positivo e calor humano nas relações com os demais. Mas não está claro como viver nem como ensinar a empatia. Algumas pessoas nascem com ela; outras, não. Aqui se trata de oferecer uma série de sugestões para ajudar os pais na educação de seus filhos. Não é um programa, mas sim, pontos em que se pode começar a luta de superação pessoal.

Inicialmente pode-se pensar em alguns esclarecimentos que convirá fazer ao adolescente:

- Nem todos somos iguais. Cada um raciocina de modo diverso frente a distintos estímulos. Portanto, não se trata de acreditar que outra pessoa vai sentir o mesmo que alguém em uma determinada situação. Este problema, de fato, continua existindo nas pessoas adultas. Por exemplo, algumas pessoas dizem: "isto não me incomoda, por que tem que incomodar o outro?".

- O que dizem ou o que fazem as pessoas não é necessariamente reflexo fiel de suas intenções ou sentimentos íntimos. Antes de considerar quais são os fatores que estão influenciando mais em uma situação, se trata de saber qual é a situação real, não o que fica refletido no comportamento aparente.

- É muito fácil ser simplista, crendo que há só uma causa para um determinado problema. Normalmente existe um conjunto de causas. Não se trata de aceitar a primeira causa, percebida como a única verdadeira.

- Em situações normais -não em casos atípicos-, talvez o mais importante para outro é saber que alguém se preocupa por ele, mas que, ao mesmo tempo, respeita sua intimidade.

- Por último, não se trata de chegar a compreender completamente. Isso jamais será possível. A dificuldade fica refletida na contestação de um pai à sua filha adolescente, depois de a filha lhe dizer que não o compreende: "Minha filha, como vou compreendê-la se nem sequer você se compreende a você mesma?".

Poderíamos resumir, dizendo que a compreensão que buscamos deve traduzir em uma ajuda para que o outro chegue a compreender a si próprio, o suficiente para pôr os meios, a fim de superar sua dificuldade ou empreender uma luta de melhora.

De todas as formas, devem ser considerados diversos tipos de fatores que podem ter influenciado nos sentimentos ou no comportamento de uma pessoa, para diagnosticar melhor o problema. Em relação a estes fatores, existe a tentação de perguntar diretamente ao outro: "o que há com você?" e, claro, na grande maioria dos casos a resposta é: -"Nada".

Pode haver influenciado na situação:

- algo que fez anteriormente. Pode existir uma relação estreita entre um estado de tristeza em um filho, por exemplo, e o haver colado em uma prova;

- algo que deixou de fazer. Por exemplo, a relação entre um estado de tristeza e não ter estudado para uma prova;

- algo que outra pessoa lhe fez. A relação entre o castigo do professor, por ter colado, e o estado de tristeza;

- algo que outro não fez;

- algo que pensou, viu ou sentiu ou escutou.

Damos alguns exemplos nesta relação para explicar o difícil que pode ser conseguir descobrir qual é o problema real ou quais são as causas do problema. Por exemplo, ao notar que um filho está triste, poderia ter lhe perguntado diretamente para descobrir qual era a causa. Talvez respondeu que havia sido porque o professor o havia castigado. Mas, realmente foi assim? Poderia ter sido também porque o professor descobriu-o colando, ou porque se deu conta de que devia ter estudado mais, ou porque algum companheiro havia zombado dele por ter colado, etc. A atuação do que quer ajudar será diferente em cada caso. Se o menino percebeu que não devia ter colado, tratar-se á de ajudá-lo a superar o desgosto, e a estudar mais. Mas se está triste porque foi descoberto pelo professor, a compreensão não deve apoiar este sentimento. A compreensão, portanto, não conduz necessariamente à aceitação do sentimento ou do comportamento do outro. A compreensão supõe ter descoberto o que realmente acontece ao outro, a seguir, de seu ponto de vista -portanto, aceitando-o tal como é-, buscar um caminho de melhora.

E como podemos desenvolver esta capacidade nos filhos? Ajudando-os a reconhecer os distintos sentimentos nos demais, e seus distintos comportamentos. Isto é, educando a sensibilidade. Na prática, significará uma série de perguntas tais, como: "Reparou que seu irmão está muito contente, aborrecido, triste, satisfeito, etc.? Por que será? Está certo? Que outras razões pode haver? Por que seu irmão haverá feito isso?, etc. Além disso, não só se trata de ajudar os filhos a compreenderem seus irmãos, mas também seus companheiros, seus professores e, inclusive, seus próprios pais. Falou-se muito que os pais têm que compreender seus filhos. Mas os filhos também têm que aprender a compreenderem seus pais. E isto é um papel importante de cada cônjuge com os filhos. Isto é, a mãe pode ajudar os filhos a compreenderem seu pai e vice-versa.

A comunicação da compreensão

Segundo o tipo de problema que tem o outro, será necessário: compreendê-lo e mostrar a compreensão; compreendê-lo e não atuar; mostrar preocupação por ele e não esforçar-se por compreendê-lo muito. Tratar-se-á de compreender e não atuar quando o filho é capaz de superar a dificuldade sem ajuda. Pode ser o caso de um menino que se desgostou por uma coisa sem importância e sabe que é consciente de que foi uma bobagem. Prestar excessiva atenção neste momento pode ser contraproducente, porque supõe exagerar algo que o filho quer esquecer rapidamente. Em outros casos, o filho pode superar o problema, mas necessita de um apoio afetivo; necessita saber que alguém está preocupado com ele. Portanto, tampouco se trata de perguntar demasiado. Assim, podemos distinguir entre compreender a pessoa, seus sentimentos e seu comportamento, e compreender o que necessita.

Aqui vamos centrar a atenção na necessidade de sentir-se compreendido. Existem numerosos estudos sobre técnicas de comunicação. Mas tampouco se trata de conseguir que nossos filhos sejam peritos na orientação de seus irmãos e de seus companheiros. Preferimos agora comentar brevemente alguns modos de atuar que podem facilitar o processo, sem pretender aperfeiçoar muito.

- Trata-se de mostrar que alguém compreendeu, não que alguém julgou. Portanto, haverá que cuidar do próprio modo de expressar-se. Trata-se de evitar expressões valorativas e tentar o uso de uma linguagem descritiva. O ser humano se sente compreendido quando a pessoa que o está escutando repete, às vezes com suas próprias palavras, o que explicou, o que contou, mas sem valorizar o conteúdo.

- Trata-se de ajudar o outro a resolver um problema. Portanto, haverá que evitar estabelecimentos predeterminados. O enfoque é: "Vamos ver o que podemos fazer". Não deve ser: "Isto é o que tem que ser feito".

- Para continuar a compreensão, também é necessário tempo e condições adequadas. Trata-se de mostrar afeto e atenção. Isto não pode ser feito adequadamente com interrupções -chamadas telefônicas, etc. Se um irmão maior quiser ajudar um irmão pequeno, certamente será melhor que saiam de casa para dar um passeio ou, pelo menos, que busquem um lugar onde não vai haver interrupções.

- Por último, trata-se de mostrar que um não está "por cima" do problema do outro. Isto é, fazer pensar que, ainda que um compreenda o problema do outro, jamais poderia ocorrer-lhe isso a si próprio. Isto seria uma atitude de superioridade que mostraria, entre outras coisas, a falta de capacidade de compreensão.

Por tudo o que dissemos, ficará claro que a virtude da compreensão é especialmente importante para os pais, mas também para os filhos, sobretudo adolescentes. Porque os filhos podem ser uma ajuda muito eficaz para seus pais, em relação a seus irmãos menores. Às vezes, é difícil para os pais compreenderem o que acontece com seus filhos. Em troca, entre eles se entendem "maravilhosamente". Reconhecer este fato é também compreender.

A compreensão dos demais começa com o esforço de tentar compreender-se a si próprio. Necessitamos estar lutando para superar nossos próprios preconceitos, para evitar sentimentos indignos ou desnecessários que obstaculizam nosso processo de melhora. Conhecendo nossas próprias fraquezas, se trata de evitar as circunstâncias que as provocam, ou pelo menos, preparar-se para não cair outra vez no mesmo sentimento ou no mesmo comportamento. Isto é saber retificar. A retificação pode ser aplicada a atos injustos realizados frente aos demais, mas saber retificar é um ato imprescindível para a compreensão de si próprio. Quando chegamos a reconhecer as principais causas de nossos estados de ânimo ou de nossos próprios comportamentos, é essa compreensão que dá força para buscar a ajuda necessária e voltar a começar.

Entretanto, nunca chegaremos a nos conhecer nem a nos compreender totalmente -muito menos, aos demais- porque o ser humano é um ser misterioso.


Do livro "A educação das virtudes humanas e sua avaliação", de David Isaacs.

RESENHA DO LIVRO:

PROFESSORA, SIM; TIA, NÃO: CARTAS A QUEM OUSA ENSINAR

Paulo Freire, desde o início de sua vida como educador, optou claramente por estar do lado dos oprimidos, pois conhecia de perto as injustiças sociais que se abatiam sobre a classe mais pobre. Foi pioneiro no Brasil, a partir de meados dos anos 60, na utilização de métodos revolucionários voltados para a alfabetização de adultos que, além de alfabetizá-los, também os politizavam. Paulo Freire foi exilado no Chile, onde continuou sua prática libertária de educação. Em 1980, retornou ao Brasil e deu continuidade às suas idéias de educação libertária e conscientizadora. Em maio de 1997, morreu vítima de um ataque cardíaco.

O autor inicia sua reflexão contando-nos sobre a dialética do pensar e explica como a retomada das reflexões sobre suas obras anteriores contribuiu para a escrita desta obra; como os atos de pensar e escrever não podem ser mecanizados nem dicotomizados, mas que existe uma solidariedade dialética entre um ato e outro, os quais formam o conjunto de saber o objeto pensado, construindo assim o conhecimento de dado assunto.

Posteriormente, o autor toma seu tema predileto, a alfabetização de adultos, pela qual lutou toda a sua vida, mostrando-nos como o analfabetismo é uma castração do ser humano como ser pensante; não é apenas um problema social, mas, na verdade, é uma violência contra o indivíduo. Freire enfatiza, com muita propriedade, que o analfabetismo castra o corpo consciente e falante de mulheres e homens, proibindo-os de ler e de escrever, limitando sua capacidade de fazer uma leitura do mundo e repensar sua própria leitura numa atividade reflexiva que o torne consciente de si mesmo e de sua participação no mundo.

As culturas letradas proíbem o analfabeto de participar da vida social e da assunção da sua plena cidadania e do crescimento e amadurecimento na construção do saber, pois a solidariedade dialética do ato de ler, de escrever e de re-ler, se bem assumida, nos leva a uma crescente capacidade criadora, e, quanto mais amadurecemos nesse movimento, mais pensadores críticos nos tornamos “do processo de conhecer, de ensinar, de aprender, de ler, de escrever, de estudar” (p. 8).

Freire continua sua reflexão sobre o ato de pensar e de escrever, enfatizando que o estudar é um profundo movimento solidário da dialética e nos introduz em um novo assunto, qual seja a polêmica temática Professora, sim; tia, não. Logo, esclarece sua intenção ao definir o que quer transmitir com suas reflexões: que aquele que ensina é também um aprendiz e que essa atividade é prazerosa, mas igualmente exigente de seriedade, de preparo científico, de preparo físico, emocional e afetivo. A atividade de ensinar também exige ousadia, pois requer envolvimento emocional; aprendemos com todo o corpo, com a emoção e com a razão e nunca podemos dicotomizar esses sentimentos. Pensar o aprendizado como uma ação que envolve emoções é uma ousadia, principalmente quando essas emoções ou esse amor levam à resistência contra a realidade social e política na qual vivem os “ensinantes-aprendizes”. O autor, então, descortina a questão que, aos olhos do senso comum, parece amorosa, qual seja tratar a professora de tia, mas, na verdade, esse tratamento esconde a ideologia da passividade do “ensinante-aprendiz”, pois resistir a uma política e uma realidade social angustiante e de sucateamento do ensino não é para seres passíveis, amorosos e parentais como a maioria das tias.

O autor defende com veemência que ensinar é uma tarefa que envolve militância e especificidade no seu cumprimento e que ser tia é viver uma relação de parentesco, e, por isso, nunca poderia ser uma profissão. Ensinar implica educar e vice-versa, e, para tanto, é necessária a “paixão do conhecer”, que nos envolve, como diz Freire, numa busca prazerosa, mas nada fácil.

Entretanto, não é intenção do autor, com essas afirmações, desvalorizar a tia, mas valorizar a professora, não lhe retirando aquilo que lhe é fundamental: sua responsabilidade profissional, que faz parte da exigência política de sua formação, esta em estado permanente. Concordamos com o autor quando faz essa reflexão, pois o termo “tias” carrega uma ideologia de “boas moças”, que não brigam, não resistem, não se rebelam, não fazem greve.

O autor chama a atenção para o fato de que as “ensinantes” são também “aprendizes”, porque, enquanto se ensina, se aprende, e que estas devem se definir sempre como professoras, desafiando-as a deixar o cômodo papel de tia e refletir sobre até que ponto querem deixar a comodidade que essa expressão carrega e assumirem-se como verdadeiras profissionais da educação.

Ressaltamos que, assim como Freire, também não concordarmos com o uso da expressão tia para designar uma professora, em função da questão político-ideológica que se esconde por trás do termo, mas reconhecemos que existem muitas professoras que são denominadas como tias e desenvolvem excelentes trabalhos, assim como existem aquelas que são consideradas professoras e, no entanto, não fazem jus ao título.

Neste sentido, enfatizamos que, seja qual for o sistema educacional vigente, reacionário ou democrático, sejamos sempre professoras, assumindo nosso papel profissional e nos posicionando política e eticamente na nossa função de ensinar, não nos esquecendo de ensinar, também, sobre cidadania a nossos alunos e a suas famílias.

O autor finaliza sua reflexão acerca da avaliação da prática da professora, que deve ser avaliada não para ser punida e, sim, para melhor se formar, ou seja, aprimorar a sua prática pedagógica. Entendemos que todo profissional deve ter sua prática avaliada constantemente. Prática não avaliada é fazer por fazer, fazer por costume, por cotidiano, sem consciência, e por isso mesmo atuação sem crítica e sem a prática do repensar.

O pensar crítico, o analisar, o repensar nos remetem ao início do texto, quando o autor defende a solidariedade dialética do ato de pensar, de escrever, de ler e de repensar. Na avaliação da nossa atuação profissional é necessária uma solidariedade dialética entre o exercício da teoria e da prática, uma releitura de nós mesmos e um repensar do nosso fazer cotidiano como “ensinantes-aprendizes”. A tarefa de ensinar-aprender requer militância, consciência e paixão pelo saber, profissionalismo e determinação do educador em não se deixar envolver nas sombras ideológicas que buscam minorar o seu papel diante de seus alunos e da educação de modo geral.

O autor aborda, ainda, um outro assunto interessante, quando assinala que as crianças não estão evadindo da escola, mas que, na verdade, as crianças são proibidas de estudar pela configuração social que temos e que alija os pobres do processo de conhecimento e crescimento. As crianças pertencentes às classes menos favorecidas não evadem da escola, e sim são proibidas de estudar por causa da fome, da miséria em que vivem, da falta de escolas e de educadores de qualidade, da distância em que se encontram da escola, da necessidade de trabalhar, da falta de moradia, da estrutura social que favorece poucos e exclui muitos, não apenas no Brasil, mas no mundo.

O texto abordado é uma obra-prima e leva à reflexão profunda sobre vários temas: analfabetismo, política educacional, estrutura social, papel profissional, condição da criança e do jovem em países pobres. Paulo Freire é genuíno em sua escrita, porque dedicou toda sua vida não apenas a pensar, mas a praticar uma pedagogia libertária e justa socialmente e que trouxe para o palco da vida e da sociedade todos aqueles que são jogados na coxia.

O que nos leva a resgatar essa discussão, que foi levantada por Paulo Freire há algum tempo (1993), é o fato de estarmos vivenciando um momento histórico em que a qualidade da educação se mostra cada vez mais comprometida. Por isso, a necessidade de contribuir com a reflexão sobre a prática pedagógica dos educadores.

VOLUME 12, NÚMERO 22 - p. 151-154, jan.-jun. 2006

OS MENSAGEIROS DA ETERNIDADE...
(Por André Aquino)
Nós, os sensíveis, temos a luz brilhando dentro de nós. A nossa sabedoria muitas vezes pode ser confundida com a loucura, por pessoas de mentira... por aquelas pessoas que vivem presas a um mundo automático. Nós, os sentimentais, os alquimistas, os arrependidos pelos erros, os filhos amados que foram deixados para trás num deserto... Os que têm fé inabalável, os sonhadores, os loucos de amor, muitas vezes já fomos considerados as ovelhas negras da família... mas os nossos sentimentos profundos como o amar... transformaram-nos, aos poucos, em cordeiros mansos que pastam felizes pelos campos verdes... Dentro de nós ardem paixões interiores capazes de derreter qualquer congelador. Nós já morremos incontáveis vezes...já renascemos outras tantas, mais fortes, mais determinados em encontrar a nossa felicidade. Nós, os sensíveis somos invencíveis pelas lágrimas e... imbatíveis pelo sorriso... Muitos de nós, os sensíveis, carregamos na alma e até no corpo, marcas da nossa paixão pela vida. Do mais fraco ao mais forte, do mais bonito ao mais feio. Não somos medidos pela nossa formosura ou pela grandeza do nosso corpo... mas somos admirados pelo poder do nosso coração, pela força que emanamos de dentro do nosso olhar...e as pessoas de mentira ficam sem entender como nós, os sensíveis, conseguimos ter tanto poder! Nós, os sensíveis, estamos aqui para fazer a diferença. Ninguém nos conhece pela superfície... mas pela profundidade dos nossos bons pensamentos. Não somos santos... mas somos anjos. Não somos perfeitos... mas é na nossa imperfeição que mostramos as nossas maiores virtudes. Não é pela casca que queremos ser conhecidos. Queremos um relacionamento íntimo com tudo e com todos os que nos cercam. Podemos errar... fracassar em quase tudo, mas jamais fracassaremos como seres humanos. Somos incompreendidos, porque muitas vezes não sabemos expressar quem somos de verdade. Ainda que o nosso corpo envelheça e fique doente... Nada pode tocar o coração de um sensível senão a mão do Supremo Criador. Nós, os sensíveis... mesmo de longe nos juntamos em espírito num coro, para cantar uma canção que curará toda a pessoa de mentira. Por alguns instantes o mundo parará para ouvir o nosso canto e se apaziguará por alguns poucos momentos... E, por alguns momentos, elas também vão ser sensíveis como nós... quando perceberem que no rosto do outro está o espelho da sua própria face. Nós, os sensíveis, temos o dom de sentir o que os outros sentem... de traduzir os seus pensamentos... porque o nosso coração capta o que os outros corações transmitem... mas nós somos uma brasa viva, no meio da neve... Ou um oásis no meio do deserto Estamos aqui para mostrar aos outros que a alma existe... que a matéria passará… mas que temos vida para todo o sempre. Somos donos da sabedoria universal. Acreditamos num Deus comum a todos seres humanos. Num Deus que habita todas as religiões. Num abraço do sensível... ...está a graça do Universo. Nós, os sensíveis, somos os mensageiros da eternidade...Somos PROFESSORES...
ORAÇÃO DO PROFESSOR
Gabriel Chalita
Livro Educar em Oração
''Senhor, tu me conheces. Sabes onde nasci, sabes de onde venho. Sabes quem sou.Conheces minha profissão: Sou professor. Desde criança, tinha em mim um imenso desejo de ensinar. Queria partilhar vida, sonhos. Queria brincar de reger. Reger bonecos. Plantas. Reger as águas do mar que desde cedo aprendi a namorar. A todos ensinava, Senhor. Criava e recriava histórias para senti-las melhor, para reparti-las com quem quisesse ouvir. Eu era um professor.Fui crescendo e percebi o quanto o sonho era real. Queria ensinar mesmo. Estudei. Conclui o curso universitário. Hoje sou, de fato, um professor. Com diploma, certificado e emprego estável.Hoje não são bonecos que me ouvem, são crianças. Dependem tanto de mim. Do meu jeito. Do meu toque. Do meu olhar. São crianças ávidas de aprender. E de ensinar. Cada uma tem um nome. Uma história. Cada uma tem um ou mais medos. Traumas. Têm sonhos. Todas ela crianças queridas, sonham. E eu. Eu, Senhor, sou um gerenciador de sonhos. Sou um professor. Respeito todas as profissões. Cada uma tem seu valor, sua formosura. Mas todas elas nascem da minha. Ninguém é médico, advogado, dentista, doutor, sem antes passar pelo carinho, pela atenção, pelo amor de um professor. Obrigado Senhor. Escolhi a profissão certa. Escolhi a linda missão de partilhar. A partilho sonhos. Partilho medos. Tenho meus problemas. Sofro, choro, desiludo-me. Nem sempre dá certo o que programei. Erro muito. Aprendo errando, também. Mas de uma coisa estou certo: Sou inteiro. inteiro nas lagrimas e no sorriso. Inteiro no ensinar e no aprender. Sei que meus alunos precisam de mim. E eu preciso deles. E por isso somos tão especiais. E nesta nobre missão de educar, nossa humanidade se enriquece ainda mais. Sou professor. Com muito orgulho. Com muita humildade. Com muito amor. Sou professor! Amém!''