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"Um dia virá em que só se terá um único pensamento:A EDUCAÇÃO,"(Nietzsche) "Não tenho um caminho novo. O que eu tenho de novo é um jeito de caminhar".(Thiago de Melo)
Aula Expositiva: Realidade e Reflexões

Aula Expositiva: Realidade e Reflexões

Por: Leda Arminda Machado Barros

AULA EXPOSITIVA: REALIDADE E REFLEXÕES

A dimensão dialógica da aula expositiva que adotamos com maior freqüência pela falta de recursos didáticos, principalmente nas escolas públicas, tem o propósito de transformar essa técnica de ensino em uma atividade geradora tanto da reelaboração de conhecimentos quanto de sua produção.

Considerando que a aula dialógica favorece a compreensão dos determinantes sociais da educação _ porque permite o questionamento; ao mesmo tempo em que proporciona a aquisição de conhecimentos, favorece sua análise crítica, resultando na produção de novos conhecimentos; elimina a relação autoritária; valoriza a experiência e conhecimentos prévios do aluno; estimula o pensamento crítico dos alunos por meio de questionamentos e problematizações _ adotando a aula expositiva, o professor estará praticando uma educação transformadora.

Contudo, o que se observa na prática é que o professor dá as respostas ou acata um única resposta. Estabelecer respostas não provoca curiosidade nem produção de conhecimento; apenas reprodução.

O professor bem formado incentiva a curiosidade do aluno e desenvolve nos mesmos uma atitude científica. Para esse professor não existem perguntas sem sentido ou fora de propósito. O professor que não quer bloquear a curiosidade de seus alunos, mas sim incentivar a produção do conhecimento, jamais desconsidera uma pergunta. Ao perceber uma pergunta mal formulada o papel dele é ajudar o aluno a refazê-la, pois essa atitude é “ensinar a fazer”.

A aula expositiva deve ser descartada se esta for adotada de forma mecânica e desvinculada da prática social, produzindo uma postura autoritária do professor e inibição da participação do aluno. Professores com atitudes como esta tornarão a aula autoritária, monótona e desinteressante, seja ela expositiva ou não; enquanto que professores com atitude crítica mostram-se capazes de levar seus alunos a reelaborar ou produzir conhecimentos.

A abordagem do conteúdo, seja qual for a técnica escolhida, tem o poder de estimular a atividade e a iniciativa do aluno; favorece o diálogo entre professor e aluno, e dos alunos entre si; e considera os interesses e experiências dos alunos sem desviar-se da sistematização lógica dos conteúdos previstos.

Não há como fugir da aula expositiva. Na nossa prática fazemos também uso da exposição oral aliada ao uso de materiais escritos, audiovisuais e lúdicos, para que o aluno possa realizar seus estudos de maneira prazerosa e eficaz. Assim, inserimos dinâmicas para chamar a atenção do aluno com atividades voltadas para o seu dia-a-dia relacionadas com o conteúdo. Adotamos, então, um misto de tendências que, com certeza, só enriquecem nosso trabalho.

Para se obter êxito quanto à abordagem do conteúdo, o professor deve propor aos alunos o desenvolvimento de alguma atividade, como seminários e debates, para eles colocarem em prática o conhecimento elaborado. Desse modo, o aluno usa sua criatividade e torna-se protagonista do conhecimento.

Todavia, algumas vezes, o professor se encontra desestimulado em propor este tipo de atividade quando lida com uma turma desinteressada e que não ouve ouve os comandos das atividades propostas.

Na verdade, o que está por trás desta postura do aluno é sua baixa auto-estima. Quando paramos para analisar a referida turma, percebemos que a maioria dos alunos são repetentes; ou são filhos de pais problemáticos ou separados; ou passam por grandes necessidades materiais em casa, entre outros problemas.

Isso tudo resulta numa grande falta de interesse no aluno. Ele pensa que não vai adiantar ler a atividade, pois não vai entender nada. Daí o porquê de alguns alunos olharem o comando no quadro e, sem terem lido, gritarem logo: Não entendi nada!

Ele desacredita em si mesmo. Acha-se incapaz de entender e realizar a atividade proposta. Percebe, então, que ficará excluído por não participar como os colegas que estão concentrados ao lado tendo toda a atenção da professora. Começa, então, a andar, conversar, chamar o colega do fundo, jogar bolinhas de papel, pedir para beber água ou ir ao banheiro. Chega até mesmo, quando a atividade é em grupo, a ficar sozinho, esperando que o professor o conduza.

Todas as posturas citadas acima são típicas de quem precisa chamar a atenção. Na sua linguagem corporal exclama: Ei professor! Estou aqui!

Nós, professores empenhados em “passar o conteúdo”, brigamos com aquele aluno, mandamos calar a boca, perdemos a paciência e o encaminhamos à direção, rotulamos aquele grupinho como o da bagunça; e não paramos para analisar o motivo do desinteresse.

Talvez o grande número de alunos em sala faz com que o professor não dê importância àqueles “desinteressados”. Volta-se com maior atenção aos que sempre participam e opinam: aos “bons” alunos. Verifica-se, assim, a exclusão dos demais.

Escrevendo este texto me pergunto: Bons alunos em quê? Sei que todos os alunos são bons em algum aspecto ou em vários aspectos.

Talvez a correria, a falta de tempo; a sobrecarga para preparar aulas, elaborar e corrigir atividades, faz com que deixemos de refletir. E por essa falha, aquele “grupinho da bagunça” segue o ano sendo cada vez mais taxado pelos professores nas reuniões ,nos corredores da escola como candidato à reprovação.

Desse modo, o professor que não tem problema com estes alunos passa a ter um olhar estigmatizante sobre eles. E então aqueles tornam-se de fato reprovados.

O aluno reprova ou foi reprovado?

Penso, reflito e volto a pensar. Formo opiniões e depois volto atrás. Não há um única resposta. Você tem a resposta?


O importante é, sobretudo, nos permitir a estar sempre questionando a nossa prática e trocando idéias para estarmos renovados. O homem se renova a cada instante de vida. Como lidamos com a formação dele, precisamos acompanhar o seu ritmo.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FREYRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996.

LIBÂNEO, J.C. Organização e Gestão da Escola – teoria e prática. Editora do Autor, Goiânia, 2000.

RODRIGUES, Cleide Aparecida Carvalho. Teoria da Educação (Apostila da disciplina Conceitos Básicos da Educação do curso de pós-graduação a distância Metodologia do Ensino Fundamental da UFG). Acesso: março a abril de 2008.

Origem: Publique Artigos no site Artigonal.com

Perfil do Autor:

Sou graduada em Letras pela UEG/Formosa e especializei-me em Gestão Educacional também na UEG/Formosa.

Atualmente estou cursando a distância, pela UFG, a pós-graduação lato sensu em Metodologia do Ensino Fundamental. Sou professora efetiva da Secretaria de Educação do DF, ministrando aulas de português e inglês.

Ao cursar a pós-graduação lato sensu em Gestão Educacional tomei gosto pela pesquisa. Tive, então, a oportunidade de relatar no trabalho final da minha especialização algumas das vivências registradas na Comunidade Kalunga do Vão de Almas, o que culminou na monografia: Leitura do Povo Kalunga do Vão de Almas: Memória, Educação e Cultura